Instituto Pensar - À CPI, depoente diz que Ricardo Barros marcou reunião no Ministério da Saúde

À CPI, depoente diz que Ricardo Barros marcou reunião no Ministério da Saúde

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

A CPI da Pandemia no Senado ouve nesta terça-feira (24) Emanuel Catori, um dos sócios da farmacêutica Belcher. O depoente confirmou ter sido levado pelo deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, para reunião no Ministério da Saúde. 

Humberto Costa (PT-PE) chamou a atenção para o fato de não existir ata da reunião e o encontro só ter sido revelado por conta de uma foto publicada nas redes sociais. Omar Aziz (PSD-AM) questionou o motivo de um prefeito ter participado, já que a reunião seria destinada a empresários.

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A Belcher atuou como intermediária do laboratório chinês CanSino na negociação com o Ministério da Saúde pelo fornecimento de 60 milhões de doses da vacina Convidencia ao custo de R$ 5 bilhões.

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Assista à reunião da CPI

Emanuel Catori admite participação em licitações no DF, mas nega fraudes

Emanuel Catori admitiu que a empresa Belcher participou de várias licitações no Distrito Federal e saiu vencedora de uma para venda de máscaras. Ele também confirmou que a empresa participou de licitação para compra de testes covid, mas negou que a Belcher tenha combinado valores com outros participantes, objeto de investigação da Operação Falso Negativo. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), disse que a Belcher alega que uma empresa teria usado o nome da farmacêutica para participar do processo.

"Caso absolutamente inédito na história das licitações?, apontou Renan.

Catori diz que valor da vacina já previa custos com logística e frete

Renan Calheiros considerou "estranha? a diferença de preço da Convidecia, cuja dose custaria de 70% a mais que a da Janssen ? ambas com dose única de aplicação. Segundo Emanuel Catori, o valor da dose a US$ 17 já incluiria todos os custos de entrega no Brasil, como frete e logística, o que, de acordo com ele, não estava previsto nas tratativas com a Janssen.

Depoente não explica críticas de Luciano Hang a lei para importar vacina

A CPI reproduziu uma live de março passado, entre Emanuel Catori e os empresários Luciano Hang, Alan Eccel e Carlos Wizard, anunciando a intenção de comprar vacinas. No vídeo, Hang critica a Lei 14.125, de 2021, que disciplinou a importação de imunizantes pela iniciativa privada.

Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apontou uma contradição entre a declaração de Hang e a fala inicial do depoente, segundo a qual o processo de compra fora possibilitado exatamente por essa lei. Catori não soube explicar essa contradição, limitando-se a dizer que nunca teve relação comercial com Hang.

Renan aponta contradição em confidencialidade e encontro no MS

Após o depoente afirmar que a Belcher não teve "facilitador político? para aproximação com o Ministério da Saúde, Renan Calheiros (MDB-AL) apontou contradição em relação a essas informações. O relator citou que a Belcher e o laboratório chinês CanSino assinaram termo de confidencialidade em 6 de abril de 2021. Para ele, a reunião marcada pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e com a participação da Belcher foi realizada quando a empresa já tinha interesses e todas as informações sobre a vacina Convidecia.

Senadores terão que assinar pedidos para ter acesso a documentos

Omar Aziz (PSD-AM) informou que o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a CPI tome providências em relação ao vazamento de documentos sigilosos. Por conta disso, o presidente da comissão parlamentar de inquérito afirmou que seus integrantes deverão assinar pedidos específicos de acesso aos documentos sigilosos.

"Se vazar algum documento, estará lá a assinatura do senador e ele será responsabilizado. Não está cerceado o acesso aos documentos, mas nós temos que tomar algumas providências?, afirmou

O senador também disse que a CPI recorreu da decisão do ministro do STF Edson Fachin negando habeas corpus à comissão no inquérito da Polícia Federal sobre a suposta divulgação de documentos sigilosos no caso da compra da vacina indiana Covaxin.

Sócio da Belcher diz que não tratou de vacina com Ricardo Barros

Emanuel Catori desmentiu ter tido reunião "sem registro na agenda? no dia 15 de abril com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR). Segundo o depoente, o que houve foi uma "audiência coletiva? no ministério, por iniciativa da Frente Parlamentar da Indústria Pública de Medicamentos, coordenada por Barros, com a presença de Queiroga e de outras seis empresas além da Belcher, e que nesse dia não se tratou da vacina Convidecia.

Catori também relatou as tratativas com o grupo de empresários liderado por Luciano Hang, Carlos Wizard e Alan Eccel para a compra de 9 milhões de doses da vacina chinesa CoronaVac. Segundo ele, as doses se destinavam exclusivamente a doação, e a negociação esbarrou no acordo de exclusividade entre a fabricante chinesa Sinovac e o Instituto Butantan.

Catori diz que não houve ?rodada comercial? para venda da Convidecia

Em sua fala inicial, Emanuel Catori, sócio da farmacêutica Belcher, traçou uma cronologia da relação entre sua empresa e a chinesa CanSino, fabricante da vacina Convidecia. Como representante da CanSino, por meio de uma carta de intenções, a Belcher teria se reunido em maio com o Ministério da Saúde e a Anvisa, para a venda de 60 milhões de doses. Mas em 10 de junho, alegando razões de compliance, a CanSino revogou unilateralmente a relação com a empresa de Catori ? segundo ele, sem que "sequer tenha havido a primeira rodada comercial? com o ministério.

Para Otto, depoente pode esclarecer ?tráfico de influência? no MS

Antes do início do depoimento, o senador Otto Alencar (PSD-BA) disse que o Emanuel Catori deve esclarecer sobre o tráfico de influência exercido no Ministério da Saúde para a comercialização da vacina Convidecia, por um preço acima do valor de todos os outros imunizantes negociados no país. 

Randolfe lê carta da Pfizer sobre medicamento contra covid-19

Ao iniciar a reunião da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) leu carta da Pfizer com informações sobre o medicamento antiviral e oral em desenvolvimento pela farmacêutica contra a covid-19. De acordo com o comunicado, a medicação em estudo não tem nenhuma semelhança com  hidroxicloroquina, invermectina e azitromicina, sendo formada por compostos diferentes.

O presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), pediu que Randolfe tenha sempre em mãos o comunicado para que possa lê-lo quando informações desencontradas sobre o assunto forem levantada por algum depoente ou senador.

Depoente tem habeas corpus do STF

O presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz (PSD-AM), informou que Emanuel Catori conta com habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal, podendo assim ficar em silêncio e não produzir provas contra si mesmo. A decisão foi proferida pelo ministro Gilmar Mendes, do STF.

Com informações da Agência Senado



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